13 razões para ler este livro
Podia dizer-se que é uma novidade editorial, devido ao
grande alarido feito nos últimos meses. Mas, na verdade, trata-se de um
relançamento. Esta história, contada na primeira pessoa, data de 2005. No entanto,
a propósito da adaptação para uma minissérie da Netflix, o livro ficou em
destaque.
Li o livro, ainda não vi a série – neste caso, sou ao
contrário da grande maioria. Este, encontrei-o na Bertrand e, ao ter ouvido
falar na série nas redes sociais, fiquei automaticamente curiosa. Li-o – quer
dizer, engoli-o – em duas semanas.
Recomendo. Mas já lá vamos.
A história é considerada YA, mas atenção, o tema gira à
volta do suicídio. Apesar de ser uma escrita acessível e fácil de ler, fala de
um assunto nada leve. Ainda assim, agarra qualquer um a partir da primeira
página. E estas são as razões porquê:
1. O início é, como
se costuma dizer, direto ao assunto.
Não há cá grandes contextos ou descrições, e a história
começa logo por nos intrigar: que raio de cassetes são estas que o protagonista
acabou de ouvir para ficar tão perturbado e para dizer que a sua vida nunca mais
vai ser a mesma? Boa estratégia esta, de começar o enredo pelo fim, para depois
voltar atrás e contar tudo do início. Sucesso
garantido para agarrar o leitor – literalmente – desde a primeira página.
2. A história é
narrada na primeira pessoa – e por duas pessoas diferentes.
Outro motivo que nos agarra logo é o facto de termos acesso
direto aos sentimentos e pernsamentos do protagonista, Clay, à medida que vai
ouvindo as cassetes. A isto acrescenta-se o relato da criadora das cassetes,
Hannah, e temos a receita perfeita para um cocktail de emoções fortes.
3. O tema é
controverso.
Todos sabemos que os temas mais polémicos são os que nos
despertam mais interesse. Neste caso, o que levou a que a minissérie tivesse
tanto sucesso foi o facto de levantar uma questão pertinente e fomentadora da
controvérsia: a história retrata o suicídio, ou glorifica-o? Bem, na verdade,
não penso que o livro glorifique este ato. As imagens relativas ao suicídio de
Hannah Baker, exibidas no pequeno ecrã, é que parece que levantaram muitas objeções. Ainda
assim, não deixa de ser um tema altamente discutido.
4. A realidade não é
o que parece.
À medida que “ouvimos” a história de Hannah, ficamos a
conhecer o lado mais negro de certas pessoas. Ainda que estas personagens não
nos tenham sido apresentadas anteriormente, as suas respetivas atitudes com a Hannah
não nos deixam de surpreender – e chocar.
5. Existe um grande
dilema moral.
Sim, chegamos ao verdadeiro cerne da questão. Sabendo que é
tarde demais, não gostaríamos todos de voltar atrás no tempo e ter feito algo
diferente? E são estas perguntas que atormentam Clay do início ao fim – sem descanso.
O que nos deixa a pensar...
6. Não conseguimos
não nos identificar com Hannah.
Não estou a querer dizer que todos nos identificamos de tal
forma, que todos vamos cometer suicídio. Calma, gente. Esta é a história de uma
rapariga que teve o azar de se deparar com pequenas situações, que tomaram
proporções gigantes. É a história de uma rapariga que vai cedendo perante as
circunstâncias, porque quem não o fez antes? É a natureza humana.
7. Estás sempre à espera
do próximo play.
Clay carrega no play
cada vez que quer ouvir a Hannah. E, deste lado, nós estamos sempre à espera de
“ouvir” e saber mais. O que aconteceu? Quem foi o responsável? Porquê? Tudo nos
é explicado, mas de forma excruciantemente doseada. Preparem-se para um
mistério contínuo, que vos faz virar a página até às 3 da manhã.
8. Cada play muda irreversivelmente a tua
perspetiva.
Ao saber de mais um acontecimento, de mais uma razão que levou
Hannah a suicidar-se, toda a nossa perspetiva acerca do ambiente do enredo
muda. Todas as personagens ganham contornos e profundidade, nem que seja a
partir do lado negro e negativo de ver o mundo.
9. A igualdade de
géneros e a objetificação das mulheres são trazidas à baila.
A todas as meninas e mulheres, isto é para vocês. Adolescentes,
de hormonas aos saltos (e homens, for
that matter), que acham que é perfeitamente legítimo dar-vos uma palmada no
rabo só porque sim. “Vá lá, é só uma brincadeira. Por que razão estás a levar
isto tão a peito? Que puritana. Que desmancha-prazeres.” Quem não se
identifica?
10. Os assuntos tabu
inerentes à adolescência surgem a cada página.
Não posso dizer que há sexo e consumo de substâncias ilegais
explícitos entre as páginas. Mas o autor fala destes assuntos de forma subtil,
e ainda assim direta. Nós sabemos que eles são uma realidade, que os
adolescentes se vêm confrontados por eles a toda a hora. Não é preciso fazer
grande alarido sobre isso, mas também seria hipócrita evitar mencioná-los.
11. O efeito bola de
neve.
Quem nunca sentiu que a vida é um acumular de coisas más que,
a certo ponto, tudo rebenta e nos faz parecer que a situação é bem mais grave
do que realmente é? Pois, ninguém. Mas há pessoas que simplesmente não
conseguem relativizar as coisas, ou não têm outras que lhes ajudem a
desmistificar e a pôr tudo em perspetiva. Até que ponto não podemos ser essa
pessoa que evita que outro igual não tenha um colapso nervoso? Dá que pensar,
não?
12. O fim.
Obviamente que não vou relevar o fim, não sou spoiler. Mas, mais uma vez, tudo nos
deixa a pensar. Para alguns pode ser suficiente, e quem não achar o fim
suficiente, estará a experienciar a angústia do próprio protagonista. E não é
aí que reside a magia da coisa? Como cada um interpreta o que lhe é descrito, e
o que cada um retira das vivências e experiências de outros. E os livros também
servem para isso.
13. Precisam de mais
razões?
Parece-me que estas são mais do que suficientes.
Sinopse: Não podes parar o futuro, nem voltar atrás
ao passado. A única maneira de perceberes o mistério... é carregando no play.
Clay Jensen não quer ter nada a ver com as cassetes gravadas
por Hannah Baker. Hannah está morta. Os seus segredos foram enterrados com ela.
Mas a voz de Hannah diz a Clay que o nome dele está gravado
naquelas cassetes e que ele é, em parte, responsável pela sua morte.
Clay ouve as gravações ao longo da noite. Ele segue as
palavras gravadas de Hannah pela pequena cidade onde vive… e o que descobre
muda a sua vida para sempre.
Por: MAIÚSCULA
Excelente review do livro
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