YA e New Adult: o que são e quem os lê?

“Young Adult fiction isn’t about selling books to teenagers. It’s about writing books that speak to them.”

(“A ficção Young Adult não se trata de vender livros a adolescentes. Trata-se de escrever livros que falem diretamente com eles”.)



Nunca uma frase resumiu tão bem um género. Começemos pelo nome. Podemos dizer que Jovem Adulto (Young Adult) não é exatamente um adolescente. Mas, sendo este género direcionado maioritariamente para maiores de 14 anos, então estamos realmente a falar de adolescentes. Então, em que ficamos?

O que nos leva ao aspeto seguinte. Os temas contemplados em YA são, geralmente, tudo menos o típico problema “será que ele vai olhar para mim se eu for popular?”. Claro que também há desses. Porém, não é à toa que Harry Potter, Os Jogos da Fome ou Divergente se tornaram as sagas mais populares dos últimos anos. Os temas? Angústia, morte, guerra, sociedades corruptas, identidade e autodescoberta, e por aí fora… Portanto, tudo menos leves.

Então, ao aliar temas “pesados” e atuais ao público-alvo dos adolescentes, temos um género que se direciona mais para jovens adultos. Adolescentes que têm os seus típicos problemas, mas que também caminham para uma fase mais madura das suas vidas. Gente, este não é um género simplesmente “para miúdos”. Vai muito mais além disso. Prova disto mesmo é o facto de 55 % dos títulos YA serem adquiridos por adultos. Portanto, YA não significa que seja um género lido somente por adolescentes. (O meu caso).

Podemos ainda falar do género considerado para a faixa etária logo acima do YA: o chamado New Adult. Supostamente, os livros deste género são sempre protagonizados por jovens mais velhos e que estão a entrar na vida adulta, como os estudantes universitários, por exemplo. Aqui, os limites entre sexo e romance já se misturam, e começa a explorar-se outro tipo de temas, como os desafios de sair de casa dos pais e ser independente.


Existem algumas características que definem o género YA, como:

1. O/A protagonista é um/a adolescente, que tem pela frente uma verdadeira prova, enfrentando obstáculos e dificuldades, para se desenvolver e crescer até certo ponto;

Harry Potter, Os Jogos da Fome, Divergente, Os Instrumentos Mortais, etc., etc., não vos lembram de nada?

2. O narrador é participante, e a história contada através de uma única perspetiva: “eu”;

Talvez tal aconteça por uma razão muito simples: a facilidade em identificarmo-nos com um protagonista e com o enredo em si é muito maior se a narrativa nos for contada pela primeira pessoa.

3. O enredo é contado quase sempre no presente;

Algumas razões para isto vêm à cabeça: os acontecimentos, ao serem narrados à medida que vão acontecendo, conferem ao livro um ritmo mais rápido de leitura; o presente também é mais cinematográfico do que qualquer outro tempo verbal.

4. Os adolescentes soam a adultos, mas comportam-se como adolescentes;

Esta é uma das grandes críticas ao género, e o caso dos livros de John Green têm sido dos mais criticados relativamente a este tema. Os adolescentes protagonistas falam com inteligência, perspicácia e um grau de maturidade que, na vida real, simplesmente não se vê. No entanto, se lêssemos sobre um protagonista que fala em monossílabos e só diz “fixe” e “bué”, ninguém se interessaria pelo enredo – nem mesmo os próprios adolescentes.



Independentemente de tudo isto, e de se tratarem de histórias com adolescentes dentro, um bom enredo é sempre um bom enredo. E o facto é que muitos adultos têm abraçado YA e New Adult.

Pessoalmente, posso dizer que a minha tendência até agora tem sido não conseguir ler histórias tristes, angustiantes e que abordem temas como o sofrimento e dificuldades. Além disso, detestava histórias com finais suspensos e em aberto. Contudo, ao ler YA e NA, não sinto isso. Comecei a apreciar um fim que nos deixe a pensar, que nos faça dar largas à imaginação para analisar o seu verdadeiro conteúdo. Já aprecio enredos complexos, que contemplem muito mais do que os problemas diários e superficiais a que estamos habituados.

E vocês, ficaram convencidos?


Por: MAIÚSCULA


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